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Rui Matos

Lisboa, 1959. Na década de 1980 frequenta o Curso de Escultura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.

 

No ano de 1987 realiza a sua primeira exposição individual, intitulada “Orgãos e Artefactos” (Lisboa), na qual apresenta esculturas em ardósia. Segue-se ”Primeira Ilha” e “Mediterâneo”, onde as suas peças em gesso e bronze assumem o destaque. Em 1991, a pedra é já o seu medium de trabalho, como comprovam as exposições “Enormidade, Sequência e Naufrágio”, “Transformações - Relatos Insertos”, “Objectos de Memória” ou ”Histórias Incompletas”. Em 2008 é, finalmente, a vez do ferro se assumir como matéria-prima principal da produção de Rui Matos. A partir daí, destacamos as mostras individuais “A Pele das Coisas”, “Transformo-me Naquilo que Toco”, “Por dentro” ou ”Transmutações”.

Habituado a trabalhar em pedra, no seu volume e massa, agora, as esculturas em ferro parecem-me antes a pele das coisas, o que envolve, o que abraça, belisca, corta e agarra. Como se, tirando a estrutura interior dos corpos, a sua pele continuasse tão vigorosa, auto-suficiente e habitada de um corpo invisível. 

 

A ideia de escrita – a linguagem perdida dentro das formas – a escultura como uma sequência de elementos visuais em relação aos quais se perdeu o código, ou parte dele, mas não o seu encantamento. 

 

A ideia de corpo – a escultura entendida, não como uma colagem de elementos ou como uma montagem, mas como um corpo de origem única que cresceu e se desenvolveu. Uma presença física real, não virtual, que por vezes aceita objectos exteriores e os integra como utensílios. 

Mímica – imitamos pelo gesto do corpo o mundo exterior. A escultura parece fazer o mesmo. 

 

O prestidigitador – que transforma uma matéria como a pedra ou o ferro, com possibilidades infinitas, num ser definitivo, num novo ser. Digo prestidigitador para me afastar dos mitos da criação e me colocar apenas nos limites da escultura e da minha diferença.

 

Rui Matos

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